As Fúrias
Em labaredas esvoaçantes,
As salamandras dançam,
No estrondo retumbante,
Trepidam brasas que clamam.
No ritual das fogueiras,
Bruxas ingratas resistem,
Com sua magia de freiras,
Mantendo-se castas ao rirem.
Os tapetes de cabelos,
Desenrolam em madeixas,
Cedendo aos apelos,
De uma cascata de proezas.
A nascente da tragédia,
Surge de um fluxo de angústia,
formando um séquito de velas,
Acesas em procissão de penúria.
Rosas erigem espadas,
Afrontando a estética,
Um cacto que não cala,
Lançado de forma cética.
Rugem as trepadeiras,
Gargarejando caules,
Formando eiras e beiras,
Conduz insetos por fraude.
Cada espiga espirra grãos,
Preenchendo campos desertos,
No sedentarismo de ração,
Tenta satisfazer seus dejetos.
Tudo é fruto do mundo,
Descaroçado em erupções,
Regurgitando o absurdo,
Chorando lavas por vulcões.
A brisa pia quando assobia,
No conta gotas das nuvens,
O céu é um véu de aporia,
Onde aves de flecha surgem.
O amanhã é sempre um hoje por chegar.