As Fúrias

Em labaredas esvoaçantes,

As salamandras dançam,

No estrondo retumbante,

Trepidam brasas que clamam.

No ritual das fogueiras,

Bruxas ingratas resistem,

Com sua magia de freiras,

Mantendo-se castas ao rirem.

Os tapetes de cabelos,

Desenrolam em madeixas,

Cedendo aos apelos,

De uma cascata de proezas.

A nascente da tragédia,

Surge de um fluxo de angústia,

formando um séquito de velas,

Acesas em procissão de penúria.

Rosas erigem espadas,

Afrontando a estética,

Um cacto que não cala,

Lançado de forma cética.

Rugem as trepadeiras,

Gargarejando caules,

Formando eiras e beiras,

Conduz insetos por fraude.

Cada espiga espirra grãos,

Preenchendo campos desertos,

No sedentarismo de ração,

Tenta satisfazer seus dejetos.

Tudo é fruto do mundo,

Descaroçado em erupções,

Regurgitando o absurdo,

Chorando lavas por vulcões.

A brisa pia quando assobia,

No conta gotas das nuvens,

O céu é um véu de aporia,

Onde aves de flecha surgem.

O amanhã é sempre um hoje por chegar.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 03/11/2014
Código do texto: T5021903
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