Dois Medos
Na amurada verdejante,
O musgo escorre deprimente,
Com ramos de serpente,
Transbordando em correntes.
Olhos consumidos,
Pelo obstáculo rústico,
Ouvindo suaves gemidos,
Música de roucos ruídos.
As sombras do corpo,
Refletem a escuridão,
Na distância que o lodo,
Desliza no corrimão.
Corre a mão sobre
A serpe venenosa,
Tateando o que ouve,
Com toques de ventosa.
Os cães de mandíbulas soltas,
Deixam despencar os dentes,
As línguas engolidas pelas bocas,
Numa torrente de risadas doentes.
No mármore das estátuas,
Sinto os braços da Vênus,
Na petrificação das águas,
Tudo parece gelar ao vento.
Diamantes de olhos vencidos,
Numa arte de cristalizar sentidos,
O gozo endurecido dos vencidos,
Esculpindo os pequenos vícios.
Pega a fala boquiaberta,
Engolida pelas moscas pútridas,
Formando um paredão de sentinelas,
Na divisão de flores murchas e úmidas.
No formigamento do cadáver,
As ramas crescem magníficas,
Fazendo brotar vegetação suave,
Cobrindo a morte de quem fica.