Semelhança

A semelhança é incrivel,

O jeito de andar assustador,

A velhice não me assusta mais se eu terminar assim,

Até mesmo as mechas ensebadas de cabelo,

O jeito mole e bêbado de falar,

O whisky, as mulheres varridas,

Loucas vadias que viveram no meu curto espaço de tempo.

Os apertos e amassos,

Aquela transa escondida dentro do carro,

Aquela sarjeta que eu me deitei, só esperando você deitar em cima.

As historias que eu li, que ouvi, vivi e vi,

Fazem de mim essa mistura brasileira que sou,

Do velho safado eu encarno o novo mal amado!

Não importa se você discorda, se sorri ou desdenha,

O meu futuro eu vi alí, naquela presença,

Segurando sua vida por um fio,

Do qual jamais terei a chance de sentir esse frio.

Amando mulheres vividas, mais perdidas do que eu,

Vivendo nessa angustia, apenas pelo misero prazer da vida.

Vamos levando essa loucura consciente,

Carregando esse fardo arduamente,

Na semelhança da desgraça,

No conforto da estrada,

Torta e desgarrada,

Vamos seguindo em frente,

Carregando essa cruz levemente,

Vamos vivendo sempre intensamente,

Como nosso velho safado sempre fazia.