A poesia me cortou com suas pontas de faca
Sou quase todo errado
Resta pouco
Contraditório
Confesso
A poesia me cortou com suas pontas de faca
Fez me vários talhos
Me deixou só
E com uma letras/ com uma tretas
Com uns dizeres vazando pela boca/ pelos poros
Ao léu
Desandei na procura
Da solução para a desventura e loucura
Procurei aquela que me completa/ tão complexa como meus eus
Dancei na hora
Cantei sem tom
Falei com os nadas por aí
E colhi tudo no caminho:
Pedras, musgos, luzes obscuras
Mas é a ingratidão o que pesa
Na mochila
Desprezo
Isso não tem desculpa
Não é questão de culpa
É assim
É da sua natureza animal
Como gato rouba peixe
Sobrevivência
Subserviência a si próprio
Ao próprio dragão
Sua parte de dentro
É maior
....
Eu que fique com estes papéis
Com essa mala de verdades
De dores
De soluções não experimentadas
- Que faça fogueira/ Que esquente-se do frio do relento da solidão
Ou queime/ queime-se. Tanto faz
Que se refaça ou desfaça ou costure-se
Ou fique seco e quieto e vaze até o fim
E espere a vida passar assim com um rio no seu leito da janela de um solar.