Desgaste

As hastes do disparate,

Se formam na demolição,

Com olhos de desastre,

Fazendo-se de assombração.

Fantasmas rotos sem rostos,

Que vomitam sua algazarra,

Na multidão de tolos desgostos,

A miséria dos ricos em desgraça.

Brindando com lamentos reprimidos,

Entornando o desafio sobre o colo

Dos que não lutam, assumidos vencidos,

Enterrados em sue próprio subsolo.

No consolo dos deprimidos,

Amargurando com pulsos cortados,

Gotejando com grossos pingos,

Diluindo aos poucos, em pedaços.

Vomitados por sua agonia,

A ponto de se tornarem escravos,

Que regurgitam a cada dia,

Naquela repetição de espasmos.

A arte do absurdo,

Que bate nas portas

De ouvidos surdos,

Vibrando em horas.

Já que o relógio

Causa aflição,

Com seu histórico

De marcação.

Naquela quase alegria,

Dos sorrisos embaçados,

Cravados no vidro à revelia,

Rompendo a névoa do embaraço.

Encarcerado na eterna chatice.

Que é a beatice dos reprimidos,

Pela adoração de falsas virgens,

Com seus compridos vestidos.

O mundo continua rodando,

Em torno de cada um,

Mas pouco se importando,

Com esse rodar de lugar algum.

Incendiando corações labaredas,

Já nascidos em combustão,

Apagados como qualquer vela acesa,

Consumidos na própria erupção.

Com bandeiras guardadas,

Pátrias adormecidas,

A moral mais uma vez velada,

Dá seu último suspiro em vida.

Sob a chuva da cadáveres,

Chocando-se contra os vivos,

Prenunciando a catástrofe,

Criando a paisagem do grito.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 10/06/2014
Código do texto: T4840157
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