Demaníaco

Sob estes olhos obscuros,

A lente da morbidez,

Que transforma em defuntos,

Através de sua sordidez.

Corrompendo os espíritos

Que se dizem incorruptíveis,

Com um macabro sorriso,

Se alargando com dentes horríveis.

Fazendo as moscas do pensamento,

Flutuarem sobre as mentes sujas,

Provocando novos momentos,

Arrancando a roupa da carne nua.

Com a lâmina afiada,

Do punhal que fere,

Adentrando em fisgada,

No ventre de vermes.

Estampando nas faces amedrontadas,

O terror da agonia em liberdade,

Tirando a esperança de almas maltratadas,

Tendo a dor como única prioridade.

Abrindo a capa de asas noturnas,

Revelando instrumentos de tortura,

Dominando cada viela das ruas,

Fomentando o pânico e a loucura.

No cano duplo que mira,

Explodindo o cérebro,

Que espalha como tinta,

Pincelando muros e tetos.

Espalhando os intestinos,

Com barrigas risonhas,

Imoladas no rito cínico,

Em um ato de desonra.

Pilhas de cadáveres,

Formando um lixo humano,

Apodrecendo em cárceres,

Chorumes formando pântanos.

A desgraça com olhos de abutres,

Secando os mortos ao relento,

Com almas se apagando feito luz,

Marcando o Inferno dos novos tempos.

No céu esverdeado dessas madeixas,

Com o sangue nos lábios que se prolongam,

A dentição amarelada de torpeza,

Ressalta o roxo dos tecidos que se alongam.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/06/2014
Código do texto: T4833912
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