Os Dois Lados
Os dois lados que se olham,
Sem conseguir enxergar,
O limite dos que se tocam.
Na síntese desse cegar.
A esperança que espera na face,
Esbranquiçada pela apatia,
Corrompendo os sorrisos de guache,
Formando o hiato na simetria.
Na voz de bocas fechadas,
A sombra de expressões vagas,
Pelas distâncias secretadas,
Os rostos se tornam lisas caras.
Naqueles séculos de segundos passageiros,
O desejo forma uma nuvem com trovoadas,
Estremecendo os sonhos e os pesadelos,
Criando harmonia entre expressões drogadas.
Em um mar de ânsia em tormenta,
Explodindo no rochedo das verdades,
Lascando aos poucos as rígidas presenças,
Em fissuras que maculam a seriedade.
Quase é possível prever um encontro,
Quando os furacões das lágrimas,
Produzirão o desastre em um ponto,
Que as órbitas virarão feito páginas.
Cada um dos dois folhearão,
As árvores despidas da emoção,
E o reflexo dos olhos o último clarão,
Diante do vazio que forma a eterna escuridão.