Quase

Quase sinto o aroma das flores,

Se não fossem artificiais,

Como a opressão das dores,

Mas me recordo que são irreais.

Já posso ver as estrelas,

Mortas em sombra,

Demonstrando a fraqueza,

Do universo que não impressiona.

Nas noites claras de postes,

Os vaga-lumes estão nos matagais,

Esquecidos e guardados em potes,

E na frente das telas somos serviçais.

A lâmpada apaga a esperança,

Em um blackout de essência,

Com movimentos de dança,

Que levam a uma demência.

As doses de animação,

Substituídas pelos estresses,

Com o projétil em mãos,

Na busca pelo que recupere.

Tantos projetos de coisas alguma,

Nessa engenharia niilista,

Onde desconstruimos a figura,

Daquele ser humanista.

A cada movimento dos dados,

lançados ao acaso de um hiato,

Que oprime com seu finito espaço,

Se repetindo em miseráveis estágios.

Impedidos de voar,

Por sermos todos anjos caídos,

Martirizados ao cogitar,

Absorvidos pela falta de abrigo.

Despencando de uma altura incalculada,

Abrimos um buraco negro,

Na última tentativa que foi imaginada,

Aceitando pagar, qual for o preço.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 22/05/2014
Código do texto: T4816336
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