Uma Risada
Não apresento um sorriso,
Com seus guizos de dentes,
Nem aquele ar tímido,
Com ar de saudável doente.
Mas escancaro a risada,
Na cara dos moralistas,
Que com suas faces fechadas,
Aplaudem demagogos modistas.
Que venham com a moral,
Com os sermões de certo e errado,
O mundo é um espaço boçal,
Vomitando restos de desgraçados.
Quase engasgo no espasmo,
Por ter engolido porções desse nojo,
Humanos abaixo da dignidade dos ratos,
Brigando pelas sobras do nobre esgoto.
Escorregando pelas corredeiras de merda,
Sem que fossemos escoados totalmente,
Já que não há ralo que absorva nossa tragédia,
Enquanto nos fizermos de deprimentes.
E a boca aberta, arreganhada,
Com sua língua que estala furiosa,
Açoitando essa ideologia gasta,
Estuprando a castidade ferruginosa.
Com nossos ritos de gritos loucos,
Adentrando a mente dos sãos,
Para que o mundo se desfaça aos poucos,
Com a esperança de extirpar a razão.
Quase um arroto,
Já que a sonoridade,
Expulsa de novo,
Não promove novidade.
Espumando nos cantos labiais,
Como lacraias prostitutas,
Que se vendem aos dentes canibais,
Em um flerte de resistência e luta.
Podendo observar a maldade que escapa,
Como forma de sentimento inventado,
Já que a santidade acaba sendo a parte chata,
E os desejos não se rendem aos pecados.
Aponte-me com o dedo em riste o errado,
Que logo saberei sobre a ditadura do certo,
Na negrura banguela da boca sem cercado,
Com o vazio engolindo o azedume dos retos.
Agora já são gargalhadas,
Sufocando a verdade,
Que é a grande mentira contada,
E que serve de fé aos covardes.