Sonhos Roubados

Invadindo teus falsos milagres,

Recolho as sobras das tuas misérias,

Como se fosse um coletor de desastres,

Pilhando essa incapacitada matéria.

Já posso ver os inúteis apelos,

De mãos decepadas pela corrupção,

Que faz do coração um pedaço de gelo,

Fossilizado no peito vazio de emoção.

Restam as sombras de matizes de matrizes,

Que sequer foram aproveitadas,

Espectros banidos que vagam sem diretrizes,

Na solidão de trevas despeitadas.

Roubando aquela esperança escondida,

Trancafiada na mágoa ainda viva,

Restando o vazio da ação comprometida,

Que se torna a sua última garantia.

E os gritos enlouquecidos são minha música,

Que bebo pelos ouvidos malignos,

Fazendo da sua realidade de mundo uma dúvida,

Transformando o destino um jogo de cassino.

Para que quando me chamares de demônio.

Eu possa rir como um palhaço medonho,

Me apropriando de cada um dos teus sonhos,

Para que caias em um pesadelo de desencontros.

O ódio será a única herança,

Já que todo o resto estará comprometido,

Consumido sem lembranças,

Como um zumbi que vaga em um limbo.

A eternidade será seu Inferno,

Pela repetição desse hiato terrível,

Cada dia será o mesmo em eterno,

E o suicídio não virá como alívio.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 15/05/2014
Código do texto: T4807853
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.