Pelas Asas
Nas asas dos ventos,
Sinto desprender o cabelo,
Com a face do momento,
Molda a forma com seu jeito.
No murmúrio de silvos,
Que assoprados nos orifícios,
Das árvores de muitos mitos,
Conta-se a lenda desses ofícios.
No coro de mudos,
Silenciamos o mistério,
E a palavra sem uso,
Tem mais força e mérito.
Nos assombros de sombras tortas,
Metamorfoses que dançam um Sabá,
Invocando as almas de criaturas mortas,
Num teatro que o homem não pode explicar.
Na noite iluminada,
Pelas estrelas já extintas,
A visão desusada,
Tenta encontrar astrologia.
No hálito sulfuroso dos vulcões,
Abrindo fissuras em grandes desertos,
Tendo as nuvens como grandes sultões,
Seus turbantes mágicos, revoando libertos.
A gravidade se faz grave,
Dificultando o voo,
Deixando que sua novidade,
Seja o despencar do corpo.
Hórus enxerga em noite de lua cheia,
Vigiando os pouco alados telúricos,
Que através da imaginação serpenteia,
Para, no espaço, tornar-se dragão rústico.
Ardendo conforme a chama do coração,
Ascendendo como uma Supernova,
Criando seu próprio universo de emoção,
Na expansão de um amor que se renova.