No Passado
Em areais esquecidas,
As pegadas são passos,
Que a poeira reunia,
Em busca de novos sapatos.
Nas teias de aranhas incansáveis,
A vida se forma em trama tecida,
As memórias não são numeráveis,
Cabendo ao tempo deixar pistas.
No conselho das formações rochosas,
As depressões abrem questionamentos,
Como se a natureza fosse caprichosa,
Marcando o mundo com seus ferimentos.
E as nuvens talvez sejam as mesmas,
Que desde épocas remotas,
Invadem os céus de forma passageira,
Povoando os ares com brancas ilhotas.
Com espécies que se renovam,
Transformando a matéria,
Sabendo que ao renascer, inovam,
Criando assim as chamadas eras.
Como cabelos que se desprendem,
Relegados ao solo que os acolhe,
Não sabendo de quem mais descendem,
Indo ao encontro da terra que nos absorve.
Povoando espaços versáteis,
Em realidades diversas,
Sabendo que são descartáveis,
Tendo como consolo a promessa.
Contando cada lenda vivida,
Na construção de uma Odisséia,
Que gerações advindas,
Solidificaram com sua miséria.
Pela purificação do fogo,
Que destrói o obsoleto,
Articulando um novo jogo,
Já que o espaço é um tabuleiro.