Feitos de Nada
Somos feito de nada,
Como qualquer vazio,
Uma roupa rasgada,
Deixada no seco rio.
O sorriso paralisado,
Como galhofa medonha,
Apenas mais um buraco,
Escancarado, sem vergonha.
Insônia que rouba sonhos,
Criando espaços contínuos,
Amaldiçoados rebanhos,
Que invadem nosso espírito.
Ermos fantasmas do medo,
Tropeçando em falsidades,
O mundo será seu desterro,
Com corpos sem novidade.
Mendigando outras vidas,
Na súplica da linguagem,
Que é Torre de Babel viva,
O códice é sua roupagem.
Os ventos são doces tempestades,
Semeando perspectivas incertas,
Organizando um palco de potestades,
Onde o homem é a criatura patética.
A parte mais purulenta,
De um escarro galáctico,
De contaminação virulenta,
Faz da ecologia um colapso.
Mas esses corpos,
Com órgãos apodrecidos,
Num futuro próximo,
Estarão mortos, esquecidos.
A pena maior da existência,
Não passar de uma coisa qualquer,
Que tenta criar resistência,
Para sucumbir. Sozinho e sem fé.