Longe

Todo longe é perto

De alguma coisa,

A verdade do cego,

Quando a visão destoa.

Vemos aquele ponto,

Que é placa de direção,

Nos deixando zonzos,

Sem saber qual a posição.

A nuvem baixa,

Uma neblina cerrada,

O vidro embaça,

Nosso farol devassa.

Os picos inalcançáveis,

Escalados por aventura,

Para do alto ver estáveis,

Multidões das formigas ruas.

O olho dentro dos olhos,

Enxergando o reflexo,

Desfazendo nossos corpos,

Que evaporam sem nexo.

Despedidas guardadas em papel,

Voando como pena desvairada,

No céu realiza a sua lua-de-mel,

Amando em meio a fortes lufadas.

Antes que aterrisse no ninho,

Dos prédios abandonados,

Que serão cemitério de nicho,

Soterrando ruinosos passados.

Na longitude do compasso,

Deslizando pela régua curva,

Riscando duros intervalos,

Pro vento tornar a biruta nua.

Os silvos ecoam longe,

Fugindo do seu executor,

Esvaziando a estante,

Onde colecionavam pudor.

As setas não interessam,

Já que a flecha lançada,

Acerta o incerto, professam,

Para o arqueiro de mão cansada.

Perto da lonjura,

Encurta a distância,

O ocaso é desculpa,

Prometendo instâncias.

Tão próximo que não vejo,

Conseguindo enxergar o ali,

Já que o aqui me abraça inteiro.

Respiro diante do comprimir.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 22/02/2014
Código do texto: T4701717
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