O Corpo Reage
Sinto essas fisgadas,
Como cupins da epiderme,
São anelídeos com agulhadas,
O corpo parece cheio de vermes.
As nuvens crescem,
Formando hematomas roxos,
Antes que as dores cessem,
Como ilhas em pequenos brotos.
Quase vejo um rosto,
Que se apaga no líquido,
As marteladas que sofro,
Como se fosse moldado vivo.
A canção é muda,
No entra e sai de fantasmas,
Com presença que insinua,
De faces que nascem apagadas.
A boca que saliva secamente,
Sentindo aquele hálito guardado,
A visão do outro deprimente,
Que se vira com o corpo costurado.
Pedimos com olhos de fé,
Esquecidos em leitos frios,
As paredes comprimem os pés,
A mão busca o chão que é abismo.
A fala é uma golfada,
Como se regurgitasse a vida,
Na tela, a elite togada,
Com seus mantos de paralisia.
A lágrima é um suor,
Que diariamente se acumula,
Um orvalho maior,
Que pinga sobre quem se anula.
Os pensamentos são angelicais,
Também diabólicos,
Um misto de bem e mal que jamais
Foram analisados em laboratórios.
Olhando para o céu,
Se conseguir atravessar o teto,
Talvez consiga rasgar o véu,
Admirando as estrelas no trajeto.
Um olhar chega e se encontra,
Sabe que a partir dali a coisa muda,
É a visão doce de quem ama,
Impulsionando o corpo para a rua.
O descortinar predial,
Com aquela móvel cadeira,
O vento toma o rosto cordial,
Já que tudo é possível...
...quando estamos à beira.