Entorse

Virar-se,

Ir pra um lado,

Voltar-se,

Ficar congelado.

Viver uma dor,

Em sua evolução,

Seja onde for,

A gente em torção.

Começo e fim,

Misturados,

Um ir e vir,

Corpos enrolados.

Serpentes em nó,

Sufocando articulações,

Não chegamos a pó,

Mas estala com vibrações.

Voltando-se sem completar,

O círculo mortal do movimento,

A busca por algo que venha parar,

Com a aflição desse insano momento.

Fluxo de ondas quebradiças,

Torrente de malformações,

Feito tecido que dobra e estica,

Rodopiando em acelerações.

Enxergamos uma parte do dorso,

Nada que consiga fazer pegar,

A extremidade que escapa do osso,

Fuga de quem insiste em chegar.

Na boca é língua,

Na cabeça os cabelos,

O pênis na virilha,

Nas mãos, os dedos.

Um dançarino articulado,

O que é maleável,

Com resistência no ato,

Eis a agonia do impalpável.

Ciranda de quebrar costelas,

Yoga forçado e furioso,

Nas articulações martela,

Alimento do que é curioso.

A água é escorregadia,

O elástico muito flácido,

Imagine a madeira torcida,

E terá ideia do real contato.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/12/2013
Código do texto: T4626347
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