Entorse
Virar-se,
Ir pra um lado,
Voltar-se,
Ficar congelado.
Viver uma dor,
Em sua evolução,
Seja onde for,
A gente em torção.
Começo e fim,
Misturados,
Um ir e vir,
Corpos enrolados.
Serpentes em nó,
Sufocando articulações,
Não chegamos a pó,
Mas estala com vibrações.
Voltando-se sem completar,
O círculo mortal do movimento,
A busca por algo que venha parar,
Com a aflição desse insano momento.
Fluxo de ondas quebradiças,
Torrente de malformações,
Feito tecido que dobra e estica,
Rodopiando em acelerações.
Enxergamos uma parte do dorso,
Nada que consiga fazer pegar,
A extremidade que escapa do osso,
Fuga de quem insiste em chegar.
Na boca é língua,
Na cabeça os cabelos,
O pênis na virilha,
Nas mãos, os dedos.
Um dançarino articulado,
O que é maleável,
Com resistência no ato,
Eis a agonia do impalpável.
Ciranda de quebrar costelas,
Yoga forçado e furioso,
Nas articulações martela,
Alimento do que é curioso.
A água é escorregadia,
O elástico muito flácido,
Imagine a madeira torcida,
E terá ideia do real contato.