ConsPiração
Sinto estes tentáculos,
Envolvendo meu corpo,
Tudo parece nublado,
Jiboia estalando cada osso.
O fosso se abre,
Mergulho de cabeça,
Sinto o desgaste,
Do lodo que me rejeita.
Venço cada poro de medo,
No fundo desse arrepio,
O frio causado pelo degelo,
De meus pés aflitos.
Sobre o muro das lamentações,
Deixo as lágrimas secarem,
Tomado por ferozes sensações,
Ignoro os grandes desastres.
Pequeno, abaixo do medíocre,
Deitado nos cacos de vidro,
Com uma visão de míope,
Distorço o máximo do mínimo.
Apregoando com pregos fundos,
Cravados com marretadas tortas,
Criador de sombrios mundos,
Andarilho de incriadas rotas.
Danço com pessoas mortas,
Espectros em cadáveres podres,
A alma é uma escancarada porta,
Pronta a servir aos ousados invasores.
Rastejando feito um verme,
Esquivando de patas vacilantes,
Um ser quase totalmente entregue,
Imolado nas solas de caminhantes.
São porteiras em que o rebanho,
De hospedeiros insetos,
São um enxame de algo estranho,
Mal formados projetos.
Um rio de sopa com humanos,
Que boiam como se fossem mistura,
Consumidos por um deus profano,
Que engole o prato e usa como pão a lua.
O toque de recolher,
Agrega com arames farpados,
A pele sangra ao torcer,
Seres em oferenda, degolados.