ConsPiração

Sinto estes tentáculos,

Envolvendo meu corpo,

Tudo parece nublado,

Jiboia estalando cada osso.

O fosso se abre,

Mergulho de cabeça,

Sinto o desgaste,

Do lodo que me rejeita.

Venço cada poro de medo,

No fundo desse arrepio,

O frio causado pelo degelo,

De meus pés aflitos.

Sobre o muro das lamentações,

Deixo as lágrimas secarem,

Tomado por ferozes sensações,

Ignoro os grandes desastres.

Pequeno, abaixo do medíocre,

Deitado nos cacos de vidro,

Com uma visão de míope,

Distorço o máximo do mínimo.

Apregoando com pregos fundos,

Cravados com marretadas tortas,

Criador de sombrios mundos,

Andarilho de incriadas rotas.

Danço com pessoas mortas,

Espectros em cadáveres podres,

A alma é uma escancarada porta,

Pronta a servir aos ousados invasores.

Rastejando feito um verme,

Esquivando de patas vacilantes,

Um ser quase totalmente entregue,

Imolado nas solas de caminhantes.

São porteiras em que o rebanho,

De hospedeiros insetos,

São um enxame de algo estranho,

Mal formados projetos.

Um rio de sopa com humanos,

Que boiam como se fossem mistura,

Consumidos por um deus profano,

Que engole o prato e usa como pão a lua.

O toque de recolher,

Agrega com arames farpados,

A pele sangra ao torcer,

Seres em oferenda, degolados.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 15/12/2013
Código do texto: T4613269
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