Beijos Morcegos

Sobrevoando corpos,

Rodopiando cabeças,

Osculando até os ossos,

Estalidos de escopeta.

Penso nas línguas,

Envoltas estrangulando,

Despejando salivas,

Percebo, estão sufocando.

A dor das entranhas,

Sugadas com desespero,

A mordida estranha,

O arrepio dos cabelos.

Silêncio de gemidos,

Em túneis de laringe,

Abafados os gritos,

Com olhos de esfinge.

O sangue das gengivas,

Provado em lábios,

Que detonam as ogivas,

Libertadas pelo hálito.

A dentição que raspa,

Descolorindo o esmalte,

O gosto do que engasga,

Beijo morcego em desfalque.

Os pelos entre os dentes,

Feito cerdas em tentáculo,

Um nervosismo doente,

O cuspe é um espetáculo.

Os pedaços de alimento,

Feito moscas varejeiras,

Dançam na parte de dentro,

Como uma nojenta brincadeira.

Podre é não aproveitar,

Destes doces hematófagos,

Onde os amores vão saborear,

A fonte dos desejos eróticos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 24/11/2013
Código do texto: T4585088
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