Beijos Morcegos
Sobrevoando corpos,
Rodopiando cabeças,
Osculando até os ossos,
Estalidos de escopeta.
Penso nas línguas,
Envoltas estrangulando,
Despejando salivas,
Percebo, estão sufocando.
A dor das entranhas,
Sugadas com desespero,
A mordida estranha,
O arrepio dos cabelos.
Silêncio de gemidos,
Em túneis de laringe,
Abafados os gritos,
Com olhos de esfinge.
O sangue das gengivas,
Provado em lábios,
Que detonam as ogivas,
Libertadas pelo hálito.
A dentição que raspa,
Descolorindo o esmalte,
O gosto do que engasga,
Beijo morcego em desfalque.
Os pelos entre os dentes,
Feito cerdas em tentáculo,
Um nervosismo doente,
O cuspe é um espetáculo.
Os pedaços de alimento,
Feito moscas varejeiras,
Dançam na parte de dentro,
Como uma nojenta brincadeira.
Podre é não aproveitar,
Destes doces hematófagos,
Onde os amores vão saborear,
A fonte dos desejos eróticos.