Sonhos Abissais
Caminhando por trilhas,
De tapetes persas,
Formando belas mesquitas,
Tudo parece festa.
As danças dos corpos,
Que bailam profanamente,
Aos deuses imploro,
Que há outros tempos voltemos.
Os pés vacilam sobre os arabescos,
Um neófito curioso e instigado,
Que busca oásis de pouco refresco,
Vivendo um deserto que lhe tem castigado.
As nuvens voam com suas formas,
Formando imagens que a mente captura,
Não sabe se encontra-se dentro ou fora,
O dia-a-dia é uma revolução feita de lutas.
Uma chama nasce no peito,
Se tornando um sol,
Transforma do seu jeito,
Influencia ao redor.
Utiliza mecanismos oníricos,
Como uma máquina sutil,
Com agudos roucos e líricos,
Suas engrenagens de fuzil.
O sexo é um tolo adereço,
Que diz pouco da personalidade,
Aberto não passa de esterco,
Que volta a terra por fertilidade.
Os sinos das amígdalas,
Fazendo da garganta um poço,
Que insinua um eco que vibra,
Fazendo do sujeito um louco.
A víbora salta da boca,
Pois a língua é venenosa,
Contaminando pessoas,
Espalhando a peste em prosa.
Estes malditos poetas,
Que matam a vida na arte,
Abrem grandes frestas,
Para promover seu massacre.
Dormir se torna um pesadelo,
Com as costas sobre amassados lençóis,
Que instigam os escondidos medos,
Para que não sobrevivam consciências de heróis.
O mundo que Alice não deduziu,
Metamorfoseando nas cabeças,
Destes que ontem eram hominídeos,
E agora estão cheios de certezas.
A dor vem para resgatar,
Os sentimentos mais legítimos,
Para a sociedade despedaçar,
Ascendendo feito um astro apocalíptico.