Violência
Sobre essa violência,
Tenho dizer que é normal,
Como ato de sobrevivência,
Ainda que de viés bestial.
Matadores que se dizem,
Caçadores exímios,
Que as dores se multipliquem,
Eis o argumento dos ridículos.
Diante do choro inocente,
Mesmo de uma vida programada,
A pena é dura no dorso do vivente,
Castigados por uma miséria forçada.
Chacais disputando,
Os restos burgueses,
De famílias gritando,
Em nome de seus interesses.
Bebemos o doce vinho,
Fermentado com sangue,
De uma boa dose nos servimos,
Ser vivos de um mundo estanque.
As sepulturas preenchidas,
Com frutos mortos, cadavéricos,
Em outra ocasião eu riria,
Mas só consigo ficar colérico.
Os bebês expulsos,
De ventres precoces,
Deixados sem uso,
Nascidos sem sorte.
Vegetamos nessa misantropia,
Mergulhados as mentes,
Que são tratadas como doentias,
Deprimentes descentes dementes.
A carne rasgada,
Não representa a totalidade,
A ferida está aberta,
Corrompidos com gravidade.
Os conselhos esparramados,
Em doses clinicadas,
Para que sejamos dóceis escravos,
Amargurados em nossa agonia.