Caem as Folhas

Caem as folhas,

Como os dias,

Que são bolhas,

Em forte ventania.

Os anos vão caindo,

Gente que nasce e morre,

As idades vão surgindo,

A vida é jogo, azar e sorte.

Andamos com pés tortos,

Tateando falsos caminhos,

Homens bons são poucos,

Eis o que dizem os sabidos.

Quem é sábio nesse mundo,

De disputas e irracionalidades,

O sujeito se imagina um tudo,

Mas não passa de outra trivialidade.

Os santos sepultados,

E a busca por mártires,

Os vivos são surrados,

Trabalhando até tarde.

Vamos passando as páginas,

Dessa árvore de vivência,

Muitas serão as nossas lágrimas,

A felicidade também nos alimenta.

Um dia paramos de frente,

A uma poça da última enxurrada,

O espelho se mostra sorridente,

Uma forma que destoa na imagem aguada.

Se formos beber um pequeno gole,

Engasgamos com nossa sujeira,

Difícil é digerir a consciência torpe,

Por isso fechamos os olhos com destreza.

Somos castos de olhar,

Diante da impureza desse oásis,

Saciando a sede de se apossar,

Renegando a famigerada e nua face.

De volta ao Éden renegado,

Mergulhados na inocência perdida,

Limpos da dor do dia-a-dia,

Purificados pelo auto-engano que glorifica.

No altar somos erguidos,

Por nossas próprias mãos,

Um ídolo recém surgido,

Que adora a si com emoção.

Emocionados com o despertar do tronco,

Que sacode a copa densa com sua rigidez,

Espalhando folhagem, seguida do sopro-ronco,

Acordando os astros em eterna embriaguez.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 23/10/2013
Código do texto: T4538987
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