Despertar
Abre os olhos,
Enxergando,
Os escombros próprios,
Feito um lixo humano.
Tateando essa miséria,
Que a existência podre,
De um corpo da tragédia,
Que é a vida cheia de dores.
Abrindo os braços,
Em um abraço estrangulado,
Debilmente sufocado,
Nas sarjetas dos poros, largado.
Come feito um suíno,
Reciclando lavagens,
Um verme de farto intestino,
Desintegrando sua auto-imagem.
Assopra o sopro da morte,
Que insiste em retornar,
Feito um inspirar que eclode,
A ponto do pulmão engasgar.
As porções de seus restos,
Excretadas pelo reto indigesto,
Contorcendo o cérebro,
Em uma náusea ordenada por vetos.
Tomado de uma eletricidade,
Que caminha serpenteando,
Pelas veias que me cortam e invadem,
Feito um manancial estranho.
Duas lâmpadas acendem,
Iluminando as imagens,
As órbitas nos mentem,
Com sua débil engrenagem.
Desejo ainda mais um respiro,
Com refluxo que dilacera por dentro,
O amor é esse renovado suspiro,
Que alivia e agoniza esse real detento.