Parasita

Verme que habita,

Dentro de nós,

Nosso corpo é latrina,

Merda, e só.

Falam sobre essa poesia,

Que enche versos,

Não passa de falsa idolatria,

Somos sobras, restos.

Olhos saltando das órbitas,

Pulverizando espelhos,

Expressão grosseira, gótica,

Uma aflição que vira medo.

Virado de ponta cabeça,

Com o pau pendurado,

Um desastre, uma doença,

No tarô é o enforcado.

O apetite por essa vida,

Que é mesquinha demais,

A tristeza vence a alegria,

Não se deseja olhar para trás.

Os traços estão nas frontes,

Compondo esses sulcos,

Alimentando a insaciável fome,

De loucos seres corruptos.

Atropelando a moral,

Guiado por outra ética,

Uma figura anormal,

Crê nessa postura cética.

Folheando os fios de cabelo,

Tocando o couro cabeludo,

Um maníaco em desespero,

Escalpelando, arrancando tufos.

Besta solta pela metrópole,

Se escorando em esquinas sombrias,

Sofre sua metamorfose,

Andando com passos tortos, a revelia.

Sonâmbulo desperto,

Que habita os guetos,

Um morto visto de perto,

Por sombras, espectros negros.

Enlouquece a cada pensar,

Fomentando a insanidade,

Que deixa o cérebro dilacerar,

Atrofiando sua hombridade.

O peso das chagas o faz curvar,

Bebendo da poça podre das valetas,

Descrente sobre o que possa lhe curar,

Abrindo os pulsos com maquinal frieza.

Escorre o sopro que atormenta,

Derramando-se sobre os esgotos,

Cadáver que a curiosidade pestilenta,

Velará com olhos secos e pegajosos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/05/2013
Código do texto: T4310504
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