O Jardim Oculto
Em cada um de nós,
Existe um jardim,
Vivemos nele tão sós,
Que pensamos ser um fim.
Cultivamos nele,
Cada característica,
Parece uma rede,
Cheia de coisas íntimas.
Cada broto semeado,
Faz erguer uma emoção,
O espaço vai sendo habitado,
Alimentado pelo coração.
As minhocas cavam,
Percorrendo os túneis,
Dos desejos que se agravam,
E das motivações mais fúteis.
A terra é de carne,
Irrigada com o sangue,
Tudo ali é novidade,
Uma humana pirâmide.
A tempestade nasce,
Do cérebro com suas descargas,
Chega a promover desastres,
Em geral combate suas pragas.
A dor é outra espécie,
Das tantas que nos habitam,
Colheitas em série,
Com campos que se limitam.
Períodos em que se favorece,
Uma ou outra natureza,
Por isso, amor ou raiva crescem,
Variações costumeiras.
Desabrochamos pela vida,
Sobrevivendo do nosso trabalho,
Cheios dessa crescente agonia,
Que é nascer e morrer nesse estado.
Os adereços carregados,
Não passam de estética,
Pois o que é considerado,
Nasce de uma estratégia cega.
Reproduzindo os campos maiores,
Que nos acolhem e chamamos Cosmos,
Pequenos frutos germinados à própria sorte,
Servindo de adubo, depois de mortos.
Cada um possui seu próprio Paraíso,
Saindo da inocência primária,
Navegando pelos Infernos do juízo,
Mordiscando o fruto de forma trágica.
A queda é deveras violenta,
Por cultivarmos para alcançar os céus,
Com a dificuldade plena,
De não voarmos. A anatomia é um véu.
O mundo parece enorme,
Por sermos pequenos,
O universo é infinito consorte,
E nós, um átomo nesse engenho.