Porão

Os olhos depressivos daquela triste e agonizante menina,

ainda se encontravam próximos à esquecida janela

A chuva forte embaçava todos os antiquíssimos vidros

Mas, mesmo assim, eu avistava o mortal desespero dela,

em querer pronunciar algo notavelmente importante,

com breves sussurros serenos e incompreênsíveis.

Eu atravessei correndo a pequena rua parcialmente alagada,

com as pernas trêmulas, em semblante bastante assustado

Parei sobre uma calçada antiga e absurdamente imunda,

e senti com todas as forças, a intensidade do teu chamado

Via claramente, um pálido rosto cheio de amarguras,

e a morte surgindo no fim da longa rua, às gargalhadas insensíveis.

Os olhos depressivos daquela triste e agonizante menina,

atormentavam a minha alma com perguntas instigantes

Abri o portão em um impulso de pura coragem,

adentrando muito inquieto, em curtos passos vacilantes

A porta surgiu purpúrea e imponente, aniquilando as minhas respostas

Estava decidido a seguir o desfecho dessa louca aventura.

Com muitos pontapés, eu pus o objeto robusto ao chão

Deparei-me com uma sala tomada por dezenas de aranhas e traças

Sem desanimar, segui com firmeza entre os poeirentos e abandonados móveis

Vislumbrei incontáveis marcas, de pequenas mãos nas imensas vidraças

O temor entrou pelas minhas pulsantes veias, no exato momento,

em que avistei sentada à cadeira, a despeitada morte como uma insólita pintura.

Os olhos depressivos daquela triste e agonizante menina,

enterravam nas profundezas, o contentamento infinito em meu gélido rosto

Subi em galopes os degraus da longa e deslizante escada,

e no quarto avistei, um semblante absolutamente decomposto

Olhei fixamente em sua direção, e com muito receio me aproximei

Ela atravessou o meu corpo, e feito uma louca, para baixo se dirigiu.

Soltei um grito de desespero, mas fui correndo atrás de imediato

Com o coração batendo a mil, cheguei novamente à sala mórbida

Reparei que ao canto, havia uma porta do porão entre aberta

Agora com medo e precavido, caminhei trêmulo em uma agonia sórdida

Desci os poucos degraus em uma escuridão apavorante!

E quando olhei para cima: O olhar assassino da morte do vazio emergiu.

Os olhos depressivos daquela triste e agonizante menina,

clareavam todo o ambiente, os indefiníveis e dispersos vãos

De repente, todo o seu corpo foi mergulhando em uma parte do assoalho

E os meus olhos só conseguiam ver, o balançar das tuas transparentes mãos,

que me chamavam com movimentos insistentes e sincronizados,

por quase três longos minutos em que permaneci imerso à adrenalina.

Caminhei em passos lentíssimos, até chegar ao ponto onde ela sumiu

Com muita força, fui arrancando as partes mais frágeis da velha madeira

Depois de poucos minutos, avistei alguma coisa enrolada num cobertor marrom

Fui desenrolando com cuidado, e gritei atônito com os pequenos ossos que caíram à minha beira

Em seguida, senti um empurrão violento que me lançou feito pluma ao pequeno buraco no chão

E avistei: A morte com os olhos infernais, segurando nos braços uma risonha e linda menina.

http://alexmenegueli.blogspot.com.br/ 10/03/2013