Raízes Do Mal

Desapareçam de minhas velhas e conturbadas entranhas, raízes impregnadas com devastadoras doenças terminais

Lancem à minha frente alguns resquícios da acalentadora luz, para abrandar a agonia nessas escuridões angustiantes e infernais, onde o sangue inocente é consumido a todo instante com tremenda voracidade

e a alma aflita, perambula nas precárias e mórbidas aldeias. Afastem esses diabólicos e numerosos vultos, que perambulam pelos becos e surgem sorrateiros pelas incontáveis e densas paredes. Queimem esse imenso berçário de loucuras e melancolias, assassinando as depressões e suas inesgotáveis sedes pelas caminhadas contentes perto de um lindo regato, e pelos desejos reclusos dentro de erosivas veias.

Desapareçam de minhas velhas e conturbadas entranhas,

fantasmas amargurados com vozes perdidas em chuvas silenciosas. Ordenem para que eu renasça dessas esquecidas cinzas escuras, ressurgindo pelos ares em gigantescas asas primorosas. Dissolvam os meus tenebrosos e latentes medos do desconhecido, em caldeirões repletos de substâncias altamente corrosivas.

Amarrou-me eternamente, como fizeste com o mitológico Prometeu. Devorando o meu fígado naquela rocha enigmática e distante! Não quero mais as suas mãos gélidas e pútridas nesses tristes minutos, afagando os meus cabelos em seu detestável e deformado semblante!

Desenterrem as chaves daquele profundo buraco construído há tempos... Abram as celas dessa prisão, de lembranças medonhas e depressivas.

Desapareçam de minhas velhas e conturbadas entranhas,

demônios sanguinários que definham a minha esmiuçada essência. Liberem a minha desnorteada alma desse amargurado calabouço. Curem todos os meus devaneios, as minhas depressões e: Clemência! Não suportarei por mais essa noite, habitar nesse mundo insano e cruel, onde as ilusões deprimidas sorriem despreocupadas em minha mente. Juntem todos os meus tormentos e arremesse-os para a imensidão do vazio, longe dos meus poucos domínios e próximos aos planetas confusos, errantes. Reclusos em uma escuridão significativa e sem caminhos para a ansiosa volta, se perderão pelo infinito afora, os gritos pavorosos que se fazem retumbantes.

Destruam-me como um simples inseto, que perambula indefeso pelo porão e refaçam-me mais forte do que centenas de bizões, aniquilando o abismo à minha frente.

Desapareçam de minhas velhas e conturbadas entranhas,

sentimentos agourentos que me enterram vivos em sepulcros imaginários. Libertem-me desse pântano pegajoso, esquecido em terras longínquas e desoladoras.

Escureça por segundos a minha vista, para que não me depare com olhos frios e ordinários, me espreitando por todas as noites sombrias e silenciosas, sem rumores de vida. Quando recluso permaneço num canto úmido, frio e imundo. Forças existentes em um mundo invisível para quase todos os humanos, libertem o meu desestruturado cérebro das mãos pálidas do sofrimento. Desenterrem de imediato, dos mais profundos e infinitos grotões, a esperança em carruagem colorida, que se deleita sobre o ombro amigo do calmo vento. Ressussitem-me desse lugarejo horrendo, onde os mortos te ignoram com toda a veemência! Evoquem os grandes deuses, e criem jardins pelos caminhos desse insuportável mundo.

http://alexmenegueli.blogspot.com.br/ 06/03/2013