Poema Morto
Esses versos,
Já desmoronados,
Incompletos,
Por fim, adulterados.
Palavras dispersas,
Feito arqueologia,
De uma gramática incerta,
Que é História da ortografia.
Pedaços de algo,
Que um dia foi inspiração,
Largados no palco,
De uma peça em extinção.
O pó é de símbolos,
Salpicados de ícones,
O caos beira o místico,
Mas não passa de síncope.
Forças em dispersão,
Reunidas ao acaso,
Retalhos de uma oração,
Eu o autor sente asco.
Um espantalho outrora,
Agora meros farrapos,
Fragmentado na aurora,
De um dia apenas insensato.
Ainda que tenha mendigos,
A recolherem as sobras,
Suas forças deixarão reduzidos,
Os cacos da memória.