Dilacerado

Tatuando minha miséria,

Abrindo fissuras fundas,

Compondo a tragédia,

Dessas malfadadas ruas.

Amando por paixão,

Em ato de escárnio,

Arrancando o coração,

De um peito perfurado.

O sangue jorra,

Manchando os limpos,

Eis minha forra,

Nesse jogo de cretinos.

Cuspo esse escarro,

Vomitando a língua,

Quase que engasgo,

Expelindo minhas tripas.

Socando a parede,

Abrindo as juntas,

Tentando saciar a sede,

Dessa agonia absurda.

O crânio de encontro

Ao muro de chapisco,

Ralando os ombros,

Dilacerando com o atrito.

Babando dentes soltos,

Que caem da boca banguela,

Com som de sujo arroto,

Estalando os ossos das costelas.

Pés sobre pregos,

Giletes raspando,

Os olhos já cegos,

O mundo passando.

De machadinha,

Se escalpelando,

Molhado de urina,

Quase delirando.

Por fim,

Corta a jugular,

Abatido assim,

Caído, sem mais lutar.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 20/01/2013
Código do texto: T4094248
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