Dilacerado
Tatuando minha miséria,
Abrindo fissuras fundas,
Compondo a tragédia,
Dessas malfadadas ruas.
Amando por paixão,
Em ato de escárnio,
Arrancando o coração,
De um peito perfurado.
O sangue jorra,
Manchando os limpos,
Eis minha forra,
Nesse jogo de cretinos.
Cuspo esse escarro,
Vomitando a língua,
Quase que engasgo,
Expelindo minhas tripas.
Socando a parede,
Abrindo as juntas,
Tentando saciar a sede,
Dessa agonia absurda.
O crânio de encontro
Ao muro de chapisco,
Ralando os ombros,
Dilacerando com o atrito.
Babando dentes soltos,
Que caem da boca banguela,
Com som de sujo arroto,
Estalando os ossos das costelas.
Pés sobre pregos,
Giletes raspando,
Os olhos já cegos,
O mundo passando.
De machadinha,
Se escalpelando,
Molhado de urina,
Quase delirando.
Por fim,
Corta a jugular,
Abatido assim,
Caído, sem mais lutar.