Medo

O medo move,

O que receia,

No corpo corre,

Incendeia.

Percorre os sentidos,

Busca tatear-nos,

Causando arrepios,

Somos por ele usados.

Olhos perdidos,

Buscando a fuga,

Diante do temido,

Uma dura luta.

Mãos trêmulas,

Tocando o invisível,

Horas ingênuas,

De um tempo terrível.

Escalando a morte,

Dessa esperança vadia,

Que é traidora consorte,

Apunhalando-nos todo dia.

Lágrimas de sangue,

Salpicando o peito,

Fazendo do instante,

Um eterno desespero.

Bocas que gritam mudas,

Contidas pelo pavor,

Que é corvo, da defunta

Língua que se calou.

Absorvendo pedaços,

Desse horror diário,

Deixando-nos escravos,

De um apego carrasco.

A mente ocupada,

Pelas tentativas inférteis,

De fugas alienadas,

Com pensamentos débeis.

Ouvindo o eco do silêncio,

Vibrando nos tímpanos profanos,

Feito doce e lento veneno,

Que dilacera o que há de humano.

Correndo sem pernas,

Num flutuar da agonia,

Como fantasma que erra,

No poço de sua euforia.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 15/01/2013
Código do texto: T4085458
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