Troco
Troco a mercadoria,
Rolam os dados,
Faço isso todo dia,
Ocupando meu espaço.
Voltam o troco,
Quanta vele,
Nosso corpo,
Em desgaste.
Jogo o pôquer,
Que é a vida,
Finge que é doce,
Mais contamina.
Pego isso e dou aquilo,
Permuta atual,
Não sou gente nesse abismo,
Julgo-me sobrenatural.
Mais sob do que sobre,
O mundo me esmaga,
Apertada, a existência coube,
Agora, ela desce pela descarga.
Solto para não reter,
Pois solidão é sólida,
Prefiro antes derreter,
Do que ficar para História.
Peço algo por pedir,
Grato pelo indesejado,
Sei que verdade é mentir,
Nesse estado proletário.
Troca, troca, o tempo todo,
Hoje quero, e amanhã,
Depois de estar morto,
Nada quero, no eterno divã.