Troco

Troco a mercadoria,

Rolam os dados,

Faço isso todo dia,

Ocupando meu espaço.

Voltam o troco,

Quanta vele,

Nosso corpo,

Em desgaste.

Jogo o pôquer,

Que é a vida,

Finge que é doce,

Mais contamina.

Pego isso e dou aquilo,

Permuta atual,

Não sou gente nesse abismo,

Julgo-me sobrenatural.

Mais sob do que sobre,

O mundo me esmaga,

Apertada, a existência coube,

Agora, ela desce pela descarga.

Solto para não reter,

Pois solidão é sólida,

Prefiro antes derreter,

Do que ficar para História.

Peço algo por pedir,

Grato pelo indesejado,

Sei que verdade é mentir,

Nesse estado proletário.

Troca, troca, o tempo todo,

Hoje quero, e amanhã,

Depois de estar morto,

Nada quero, no eterno divã.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 09/01/2013
Código do texto: T4075387
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