Noite de Terror
A noite sombria começa com o zunir estrondoso dos ventos rebeldes pelas longas esquinas. Ofegante e assustado eu vou seguindo com as pernas trêmulas, perdido entre as densas neblinas que encobre de cinza escuro toda a cidadezinha pacata de mistérios assoladores e incontáveis. Em míseros minutos já posso ouvir os tenebrosos gritos vindos de lugares fúnebres e incertos. Não posso fraquejar nesse momento, e por isso me arrasto com dificuldade por caminhos ainda não descobertos. Mas ao cruzar um frágil e pequeno casebre, me deparo com dezenas de criaturas demoníacas e miseráveis.
Elas vão se aproximando bem devagarzinho e sussurrando frases incompreensíveis. Ouço risadas amedrontadoras e barulhos ensurdecedores por seres macabros e invisíveis
Respiro com dificuldade e busco profundamente minhas últimas energias para correr em direção a alguma pequena porta. Percebo ter chegado ao fim da linha me deparando com um gigantesco e apavorante cemitério. Os monstros se aproximam cada vez mais e sem hesitar eu entro sem sombras alguma de refrigério. E encontro túmulos e morcegos por toda a parte que petrificam o meu corpo e a minha alma morta.
O meu tempo está quase terminando, e o meu único pensamento é prolongar a minha vida monótona e incolor. Grito ainda em desespero abundante chamando os meus antigos amigos, mas estou solitário nesse mundo de tanta dor. Afoito eu pego um pedaço de ferro enferrujado e aguardo com muito medo os inimigos para a grande batalha.
Eles arrebentam o portão de aço e com fúria arrebatadora seguem cuspindo sangue em minha direção. A adrenalina percorre por todo o meu peito, e enfurecido os golpeio letalmente em uma estratégica posição. Mas dei as minhas costas em um descuido idiota, e agora será difícil escapar da temível e escura mortalha.
As mãos enrugadas rasgam as minhas vestes e vão devorando a minha face como hienas vorazes em carniças. Luto bravamente com todas as minhas forças, mas estou tão fraco quanto àquelas frágeis esverdeadas hortaliças. Espectadoras exclusivas do massacre e extermínio de um homem incompreendido e abandonado descalço ao relento.
Com o rosto desfigurado eu tento pela última vez me desvencilhar das aberrações em um heroico subterfúgio. Estou completamente cego e fragilizado,e já ouço as batidas cadenciadas de um enigmático e antigo mocúgio. Avisando a quem queira ouvir: que mais um cadáver está prestes a ser oferecido aos deuses implacáveis do tormento...
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04-08-2012