O Trono

Esse trono ao qual me sento,

Assento de bunda sem vida,

O mundo lá fora desdenho,

Minha majestade é corrompida.

Nada de taças douradas,

Nem um gole de fino vinho,

Só o álcool em veste encharcada,

Clorofórmio de mendigo.

Sinto o aroma me sufocar,

Mas quero morte mais feroz,

Consigo mais tormentos suportar,

Sou filho de desgraça atroz.

Com as costas sobre o espaldar,

Barcos estendidos nos descansos,

Mãos cruzadas à frente do olhar,

Expressão de ressequido pranto.

O vozerio fora do ambiente,

Parece um outro mundo,

O cômodo se torna deprimente,

Ali tudo se faz mudo.

A escuridão promove,

Uma certa cegueira,

Onde a luz que entra morre,

Calmaria que chateia.

O corpo rígido,

Posicionado feito estátua,

O som do vento frio,

As paredes estagnadas.

As horas incontáveis,

O tempo desprezado,

Abismos inimagináveis,

Na mente, o inferno fabricado.

As unhas arranham a mobília,

Enquanto os dentes trincados,

Raspam-se de forma doentia,

O sangue escorre do lábio cortado.

Tem como manto,

Um sobretudo negro,

O corpo nu sente o pano,

Com a cola roçando os cabelos.

Aquele falo que pende amolecido,

O peito adornado com pelos,

Nádegas sensíveis ao tecido,

Mãos descruzadas sobre os joelhos.

Toca o bolso interno,

Retira uma adaga,

Acaricia o próprio sexo,

Sente a lâmina afiada.

Abri fissuras no peito,

Expõe os ombros,

Corta o dorso sem receio,

Estriando em vários pontos.

Uma ereção acontece,

Rasga fundo o bíceps,

O membro enrijece,

Um desejo sem limites.

Prova do sangue,

Deslizando o metal na língua,

Não deixa que estanque,

Cobre-se de retilíneas feridas.

Uma mão a manejar a arma,

A outra masturba com violência,

Se contorcendo de maneira inusitada,

Mutilando-se sem complacência.

Por fim sente o ápice do ritual no momento do gozo,

Em um reflexo durante o início do orgasmo,

Rasga a garganta decepando a carótida sem esforço,

O sangue jorra no instante que o sêmen sai em um espasmo.