Acordar

Abrir os olhos,

Enxergar a primeira luz,

Estamos sós,

Diante do despertar que conduz.

Apenas vemos silhuetas,

De um mundo cheio de vazios,

Somos cegos dessa natureza,

Caminhando em trágico desvario.

Nos deparamos com essa falta de espera,

O instante avassalador que consome,

Somos acordados em meio a trevas,

Tateando com olhar de insano insone.

Enxergar é algo opressor,

Desejamos dormir eternamente,

Mas o infinito é opositor,

Nos jogando pra fora da mente.

Acendemos essas lanternas orbitais,

Focamos um ponto qualquer,

Faróis que nos tornam serviçais,

Sem escaparmos um segundo sequer.

O pesadelo se faz ao contemplarmos,

Essa coisa projetada em nossas faces,

Nos sentimos sempre paralisados,

Tudo se dissolve nessas fabricadas realidades.

Os fogos de artifício estouram,

Mas não emitem ruído,

Luminosidades mudas nos povoam,

Silenciosamente consumidos.

Cruzar olhares e refletir,

Feito binóculos com claridade na lente,

Cegos pelo que o outro consegue emitir,

Visionários de uma perspectiva deprimente.