Não Me Nego
Falam de seres perfeitos,
Apenas estátuas idealistas,
O mundo é do seu próprio jeito,
Sejamos mais realistas.
Pra que esconder a remela,
Que nasce na manhã dos olhos,
O muco que as narinas excretam,
Todos com um propósito.
Se a mulher menstrua,
Que belo ato de se ver,
Pra que absorvente que segura,
Deixem o fluxo verter.
Que caiam meus cabelos,
Se tiver que ser careca,
Calvície não é defeito,
Erros não passam de conversa.
Arrotos, peidos,
Expressões gasosas,
Barba em desleixo,
Isso é viver a toda prova.
Pelos nas axilas,
Virilhas de florestas densas,
Melhor que corpos nus de aparência doentia,
Renegando a animalidade que nos sustenta.
Chorem deixando borra a maquiagem,
Cuspam num escarro vigoroso,
Abram feridas com purulentas imagens,
O sangue vaza viscoso.
Celulites, estrias, belo mapa anatômico,
Barrigas salientes, bocas desdentadas,
Cagamos, mijamos, assim exorcizamos,
No prazer uma excelente gozada.
Exaltam a vida, esquecem da morte,
Vangloriam o cheiroso, não dando crédito ao fedido,
Duas medidas de uma mesma beleza que serve de norte,
Apreensões sensitivas que nos conduzem ao que é vivido.
Como beijar aquela boca de dentes brancos,
Sem imaginar as cáries pretas, a dentadura na velhice,
Os seios rígidos que são frondoso busto brotando,
Depois caídos pêndulos estriados, enrugados, isso não é apenas alvitre.
A bunda elogiada da dama na avenida,
A mesma que transborda fezes na privada,
A desejada e tentadora vagina,
A mesma de herpes e outras DTS’s nas genitálias.
Os pênis não fogem disso,
Roçando nos sanitários públicos,
Nariz que sente perfume expelido,
Também espirra catarros bruscos.
Mãos que acariciam o rosto terno,
As mesmas que cavucam melecas,
Coçam o rabo, masturbam por certo,
Umas ainda com cheiro de cueca.
Moral de higienização,
Ditando o que enoja,
Com desculpa de infecção,
Nos aprisiona, controla.
Crianças, não comam meleca,
Mas mulheres, suguem caralhos,
Pessoa que tira cera do ouvido não está certa,
Mas pode manusear dinheiros suados.
Métodos contraceptivos tem religioso que reprova,
Mas não renegam a doce pedofilia nas igrejas,
Que se espalhem as venéreas pois é divina prova,
Enquanto comer rabo de coroinhas é uma beleza.
Temos um deus que não caga, não mija,
Não arrota, não tira meleca, não masturba,
Mas mata, corrompe, maltrata, estripa,
Julga desmedidamente, cria diabo que nos insulta.
Sugiro emporcalharmos os planos divinos,
Peidando até arder os ares paradisíacos,
Cagando e mijando nesse mundo sem sentido,
Masturbando até a porra atingir a face do patético cristo.
Somos seres de punheta, cu, piru, boceta,
Não esses castrados mito-ilógicos,
Antes os deuses mais humanos que o paganismo aceita,
Do que viver com pudores de recalcados religiosos.
Nojento é a corrupção política,
Deixem as crianças com suas fezes,
Podre é a pregação de uma missa,
Que sejam louvados os ditos hereges.