O Sujeito Que Perdeu o Próprio Cu
Acordado com vontade de cagar,
Vai até o sanitário gelado,
Sento o rabo para poder despejar,
Mas algo está errado.
Faz força sem resultado,
Pega o papel higiênico e passa,
Não sente o seu buraco,
Usa a mão lisa sentindo a desgraça.
Cadê meu cu, porra!!!!
Uma exclamação desesperada,
O eco do grito ressoa,
Levanta de forma agitada.
Pega um espelho,
Fica de cócoras,
Sobe, levanta, pá no meio,
Usa lanterna pra tirar a prova.
Ontem eu tinha um cu!!!
Indaga inutilmente,
Hoje acordo sem um,
Tensa pensar racionalmente.
A barriga dói,
Muita cólica,
Lembrança atroz,
Necessidade de bosta.
Por onde soltar?
O pinto vai expelir?
Vou pela boca cagar,
Num vômito infeliz?
Estou com a bunda intacta,
Mas o cu sumiu,
O que adianta bandas sem entrada,
Aliás, saída pro que engoliu.
Parece uma sádica piada,
Travado por baixo,
Morrerei com merda retesada?
Terei um cu só que sem buraco?
A pele pode ser obstáculo,
Fechou durante o sono,
Onírico enclausurado,
Estou louco a esse ponto?
Tenho agora hímen.
Pra cagar mais uma vez,
Terei que dar o cu, imaginem.
Um estupro pra resolver.
Talvez seja esse o mistério,
Andei dando o rabo um dia,
Quem sabe é castigo por adultério,
Agora sou trancado pra toda a vida.
Vou acumular cocô até explodir?
Que tragédia fétida,
Desse jeito não irei nem dormir,
Repleto de fezes, doença certa.
Posso ter perdido no vaso,
A pressão de gases,
Quem sabe expeli esse pedaço,
Mas teria batido na água o traste.
Onde perdi esse cu ordinário?
Não sobraram nem as pregas,
Nenhuma pista para encontrá-lo,
Quando o ânus some não tem regra.
Sinto coçar,
Como falta de órgãos,
Parecido com um mutilar,
Ausência presente em sensação.
Vou parar de comer,
Morrer de fome,
Assim deixo de conter,
Esses dejetos que me consomem.
Sofro de gases,
Impedido de peidar,
Que entrave,
Começo a resmungar.
Vou me acusar de estuprador,
Pra ser preso,
Na cadeia os detentos furarem meu corpo,
Abrindo meu cu sem dar sossego.
Essa bunda que não tem um cu dentro,
Parece valeta com falta de ralo,
Empalo na tentativa de rompimento,
Vlad Tepes seria meu herói carrasco.
Coisa desprovida de lógica,
Produzo merda para não expelir,
Nunca vi semelhante história,
Impossível conseguir progredir.
O motivo se fosse algo bloqueando,
Parece que nunca tive um cu ali,
Se não fosse ilógico, diria estar pra isso cagando,
Mas impossível lidar com isso aqui.
Jamais parir um tolete de bosta,
As pregas que cortam em pedaços,
A diarréia que faz escorrer pelas bordas,
Toda aquela rotina lavabo.
Deus não tem cu,
Prova disso é a punição à sodomia,
Nunca admitiu ter feito merda no mundo,
Só ao homem cabe cagar sua vidinha.
Me tornei um ser divino,
O hiato ou a falta de hiato,
Fazem-me acima do hominídeo,
Produzo merda mais não cago.
Pra mim esse foi o pecado de Adão,
Não ter comido o fruto proibido e se descobri nu,
Mas sentiu diarréia após comer fruta em decomposição,
Num gesto maquinal inocente se deu conta que tinha um cu.
Jeová não tolera essa currada,
Expulsou homem e mulher,
Agora eu sofro por essa trapalhada,
Até o dia que a divindade convier.
Tantos furos no corpo como poros,
Talvez meu suor seja de fezes,
Se sair na porra eu não me conformo,
Coisa assim jamais se esquece.
Estou fodido!!!
Quero transplante,
Entrem com os cus meus amigos,
Ajudem um pobre deficiente defecante.
Acabo fazendo uma fístula,
Insanidade de constipação,
Dá ódio olhar pra essa bunda,
Preciso de bom cirurgião.
Perdi meu cu não sei quando, onde e nem porque,
Se alguém encontrar um cu, é sem dúvida meu,
Dou recompensa pra alma boa que entregue a qualquer instante,
Se sumir pra sempre quem me roubou de inveja foi deus.