Borboleta Insólita

Abre as asas com vigor,

Alça vôos em espiral,

Não parece sentir temor,

Ser que no céu é magistral.

De um negrume sombrio,

Seus detalhes são escondidos,

Apertamos os olhos para descobri-los,

Quando passa chega causa arrepio.

Subjuga outros seres alados,

Impondo sua autoridade aérea,

Em rasantes bem calculados,

Lança vítimas no solo da Terra.

Tentam indagar quando foi larva,

Dizem um parasita demoníaco,

Infestando outros seres que encontrava,

Se infiltrava causando perigo.

Rastejava feio Serpente do Éden,

Espreitando o momento certo,

Criou moradia de aparência inerte,

Crisálida, germe do Inferno.

Ali maquinava sua saída,

Revigorando a metamorfose,

Totalmente envolvida,

Evoluindo por etapas, em doses.

Lepidoptera liberta pelo mundo,

Majestosa em sua estética cativante,

Rompeu o seu tosco e útil casulo,

Aventurando-se em caçadas empolgantes.

Domava insetos em luta rápida,

Sua figura monstruosa capitura,

Probóscide que perfura e mata,

Plantas e insetos ela consome e suga.

Suas antenas captam o ambiente,

Sensores que se fazem eficientes radares,

Calcula possibilidades em que se oriente,

Grilos inocentes são destroçados em um ataque.

Possui força que rompe escaravelhos,

Voa em velocidade que provoca estrondo,

Rompe a barreira do som, causa medo,

Moscas são aperitivos para seus ferozes planos.

Taturanas nem chegam a transformar,

São trespassadas sem piedade,

Futuras boletinhas em pupa irão definhar,

É a representação alada da maldade.

Seu pólen é feito napalm,

Vai contaminando no que toca,

Não há ser vivo que não sufoque,

Infertiliza tornando natureza morta.

Senhora do dia e da noite,

Nas trevas noturnas é mariposa,

Como se um demônio fosse,

Provoca pesadelo nas pessoas.

Mutila morcegos, bebe-lhes o sangue,

Vampira Lilith que seduz,

Suas feridas jorram e não há quem estanque,

Domina na sombra e na luz.

Atrevida que afronta pássaros,

Batalhas épicas contra verdadeiros grifos,

Sua agilidade causa nos seres maiores embaraço,

Promove chuva de ferroadas, faz ecoar gritos.

Aves de rapina em feroz resistência,

São reduzidas a corpos depenados,

Coleciona presas para ganhar experiência,

Sempre em busca de um novo adversário.

Ao bater de asas se despedaça,

Deixando pedaços de si como herança,

Assim seu território demarca,

Sua imagem desintegra a esperança.

Muda as linhas do corpo,

Caleidoscópio obscuro,

Busca um assassinato novo,

Seu deleite é destruir tudo.

Prova do sangue das vítimas,

Outros gostos de substâncias orgânicas,

Cada ser possui uma degustação íntima,

Refeições mórbidas de uma doce matança.

Com graça baila a dança da morte,

Thanatos é fiel escudeiro,

Feito a Fortuna, dita dos outros a sorte,

Faz sumir sem nunca descobrirem o paradeiro.

Aguarda pacientemente paralizada,

Enquanto a vida segue sua rotina,

Num impulso deixa de estar camuflada,

Rompendo o ciclo feito Átropos em agonia.

Suas asas abertas parecem de anjo nefasto,

Apollyon tem-na como musa que o resguarda,

A união das Erínias em forma de artrópode Diabo,

Ser que destrói, corrompe, agride, detriora, devasta.

Uma Bruxa que sobrevoa sua colheita de horror,

Meticulosa na avaliação dos confrontos,

Avatar maldito de um totem primitivo do terror,

Sutil em angariar cadáveres, indesejáveis encontros.

Leve feito a peste que adentra sem anunciar,

Só apresentada depois de causar dano,

Viúva Negra que só defuntos conseguem acompanhar,

Potência mortal de hábitos nômades, ciganos.