A Pedra e o Caminho
Não era a pedra que estava no caminho,
Eu que me projetvava no espaço,
Querendo transpassar o pedrogoso físico,
Achando que me movia, só que estava parado.
A rocha estava ali, por certo,
Mas eu não estava antes dela,
E depois dela eu não me fiz objeto,
Como poderia mudar agora a regra?
Tracei um caminho e resolvi seguir,
Ignorando o que escapava minha determinação,
Ao me deparar com o inusitado percebi,
A realidade que imaginei era inocente imaginação.
E não havia apenas uma pedra, mas várias,
Enfileiradas em relevos que me elevavam num hora,
Noutra me jogava pra baixo da expectativa sonhada,
E o impacto do solo de pedregulho causava dor estrondosa.
Me caminho que estava no meio da pedra,
Querendo vazá-la por transposição,
Mas ela resistia bravamente feito fera,
Ignorando com sua dureza minha disposição.
Serviu de fim ou ruptura aos meus projetos,
Apenas se matendo como estava,
Não precisando evoluções e bruscos gestos,
Bastou manter-se firme e parada.
Eu fui até a montanha,
Ao contrário do Maomé conhecido,
Mas a montanha não me deu esperança,
E nem depois se moveu a procura desse indivíduo.
Não consegui comover essa bruta matéria,
Eu escorria tentando não mais transpor,
Apenas como forma de expor minha miséria,
Mas resoluta, a pedra não iria se expor.
Uma relação de resistência,
Onde a indiferença me oprimia,
Tive esmagada a existência,
Algo sólido que me espremia.
Seu peso não permitia remoção,
Prostrada tornando passivo o plano,
Era a referência da morte de minha ilusão,
Sua espessura repelia meu frágil engano.