DEVANEIOS

Brisas suaves nos meus devaneios

nocturnos, com espelhos obtusos

riscando o ar rarefeito do quarto,

onde me embriago de poesia

e de cigarros carcomidos,

pelo vicio ultrapassado pelo tempo.

Palavras ditas e desditas na folha

consentimento; meus dedos como

ampolas de sangue, derramado

na alvura esbranquiçada da madeira,

cortada cerce pela raiz,

que pranteia sua dor no poema lido.

Natureza morta, nas frases lúcidas,

pelo verde do absinto, que traz a

febre sem escamotear a inspiração;

cavalos loucos na orla de meu peito

jogados até há exaustão

contra o freio das portas fechadas.

E na loucura de fins e de princípios,

arrimo a letra e o verso, velando

meus gestos agora já controlados

e pesados, pela necessidade pura

de levar aos meus leitores,

o melhor de mim, enquanto poeta.

Jorge Humberto

18/03/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/03/2011
Código do texto: T2856084
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