O lugar pavoroso

Eu sempre quero alguma coisa

E é por isso que saio a passear

Aonde ando olho para todos os lados

E aumenta-me a ânsia de encontrar

Aquilo que parece estar a um passo,

Mas sempre se infinita a distância,

E eu nunca chego, nunca vou achar.

Eu arregalo bem os olhos agrestes,

Arregalo cada sentido que tenho

Mas escapam outros, não os contenho

E fico com um aspecto assombroso

que eu de mim chego a me espantar

No meu esquadrinhar contínuo,

Os caminhos por onde vim

Desordeno,

E fico pasmado no nada

Sem saber por onde andar

Esquecido,

Perdido em cada plano que tracei,

Me cai a vista, a consciência,

Me condeno,

Sentenciado a me ver

De volta de onde nunca me ausentei

Ao lugar pavoroso que sempre habitei.

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 20/10/2006
Reeditado em 20/10/2006
Código do texto: T269455
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