O lugar pavoroso
Eu sempre quero alguma coisa
E é por isso que saio a passear
Aonde ando olho para todos os lados
E aumenta-me a ânsia de encontrar
Aquilo que parece estar a um passo,
Mas sempre se infinita a distância,
E eu nunca chego, nunca vou achar.
Eu arregalo bem os olhos agrestes,
Arregalo cada sentido que tenho
Mas escapam outros, não os contenho
E fico com um aspecto assombroso
que eu de mim chego a me espantar
No meu esquadrinhar contínuo,
Os caminhos por onde vim
Desordeno,
E fico pasmado no nada
Sem saber por onde andar
Esquecido,
Perdido em cada plano que tracei,
Me cai a vista, a consciência,
Me condeno,
Sentenciado a me ver
De volta de onde nunca me ausentei
Ao lugar pavoroso que sempre habitei.