Interceptação
Intercepta-me, camaleão,
Tira-me do caminho,
Muda meu rumo,
Aceito a contramão.
Numa cama, um leão.
Lençol em desalinho,
esqueço o prumo
dobro-me nesse ninho,
ao gozo dou vazão.
Entre urros, ulos, e sussurros
virar leoa,
torcer preceitos,
sem preconceitos.
Intercepta-me, leão,
Faz-me tua leoa
eleva-me a uma nuvem à toa
conte-me uma piada boa.
Quero rir, me exaurir,
de prazer sucumbir.
Leva-me a essa nuvem à toa,
de tão perfeita, se ajeita
se molda, encaixa assim.
Nela me deita,
deleita, aproveita.
Dá o melhor de você,
enquanto dou o melhor de mim.
It's up to me
You fit into me.
Ali suados, consumidos
na exaustão do tesão
Permanecemos no encaixe
repleto de perfeição.
Respiramos ofegantes,
silêncio,
palavras distantes.
Sono, cochilo.
Ressonamos.
Não falamos,
nem cogitamos,
Com força descartamos.
Sei o que senti.
Naqueles momentos,
que voltam na lembrança,
contrariando o que pensamos,
se desejamos, negamos.
Mas,
se nome existe ao que fazemos,
nome é que nos amamos.
(Esclarecimento: Permiti-me leve, e despretensiosa, alusão à linda "Rapte-me, camaleoa", de Caetano Veloso - tudo a ver com tudo que imaginei enquanto as palavras escapuliam do pensamento e pulavam pelos dedos)