SENSAÇÃO MARIONETE DA VIDA

No momento em que tentei vomitar as coisas que nunca pude digerir, toda insensatez presente calou as palavras com analgésicos de estupidez. As paredes frias do quarto escondem velhos retratos que não ouso querer enxergar.

Não gosto de viver dentro de mim, falta alguma coisa para desentortar os pregos cravados nas mãos.

Sensação marionete da vida, sentimento absurdamente teatral das coisas aparentes. As garrafas adormecem vazias olhando apenas para o vaso de flor e eu apenas semi-serro os olhos para não derrubá-las em meus pesadelos.

Nunca mais Fletwood Mac, psicodélicas tardes Malbec. Outras vezes Sauvignon. Nunca mais Jesus and Mary Chain e contrapesos como tira-gostos apimentados pela acidez do inicio de uma azia vespertina.

Sensação marionete da vida de que minhas pernas, mãos e braços não obedecem mais as cordas do meu senhorio.

Sensação marionete da vida de que pó de arroz nenhum poderá cobrir as lagrimas de um palhaço cansado de trocar o nariz e os botões que seguram firmemente seus suspensórios.

É como se fosse um bilhete da loteria nadando entre as águas sujas de qualquer sarjeta da grande cidade procurando onde se dissipar. Pode não existir o mar.

Sensação marionete da vida, e a tarde segue sua rotina entre marteladas, buzinas, pessoas e poeira que pairam espalhadas pelo ar sem vida.

Zózimo São Paulo
Enviado por Zózimo São Paulo em 24/07/2010
Código do texto: T2396251
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