Próximo do absurdo
A gente vai digerindo calado esse ódio latente.
Como se fosse destino traçado, irreversível permanência do absurdo.
Algo nos morre a cada dia, morre sem ordem expressa.
Apenas se acaba na prisão de nossa racionalidade.
Se engana quem pensa que absurda é a loucura!
Absurdo é nosso silêncio hipócrita diante da vida.
O silêncio de nossas atitudes. O silêncio de nossa proximidade com deus.
Com “d” minúsculo mesmo. Como nossa fé.
Vamos nós comendo com bosta os nossos medos.
Cagando nossas franquezas, resguardadas pelo silêncio da descarga.
Vomitando nossa vergonha de nós mesmos. Esse vômito aguado.
A proximidade do absurdo. Mórbida e podre.
Sente o cheiro das flores campestres? Delícia!
Essa vida nobre é a eterna lei.
O fundo do fundo é o máximo da beleza concreta,
Comemos merda. E agradecidos oramos a deus.
Deus onipotente observa e avalia nosso fardo.
Veremos Teu Reino Senhor? Nós os filhos do amor.
Há que se deixar de comer bosta no céu?