Sem pistas

Estou falecendo lentamente

Estirada em uma cadeira empoeirada

Meu sangue quente escorre

Pelo chão frio de mármore antigo

Até a porta fechada da casa velha

O vento balança as cortinas, apaga os castiçais

E faz ruídos que lembram um coral lírico

O relógio da sala não tem ponteiros

Toca sem avisar qual é a hora exata

Espelhos se quebram com a ventania

O telhado voa descobrindo a casa

Meu corpo padece ao relento

De súbito, cai uma chuva fina

Que lava meu sangue

Apagando os vestígios

De uma tentativa de homicídio

Ou quem sabe

De um suicídio premeditado

Mal elaborado e desesperado

(Heterônimo - Colibri Lunar)