Alma Desconectada

Desconectar da alma essa alma

Desconectar da lama essa lama

Fugir do paradoxo existente.

Desconectar do muro esse muro

Desconectar do rumo esse rumo

Fugir daquele instante onde não existo agora.

Desconectar do mundo esse mundo

Desconectar do olhos esses olhos

Fugir da caminhada antes que me caleje.

-As mãos cansadas de frio, as mãos cansadas de frio!

-Os pés que não voltam para lá, os pés já não querem estar lá!

Dissipar no ar aquele ar

Dissipar no mar aquele lar

Voar por entre as casas destelhadas.

Dissipar no chão aquele chão

Dissipar no escuro a escuridão

Voar por entre escadas infinitas.

-Cansadas de cair sobre meus pés, cansadas de fugir sob meus pés!

Sucumbir calado aos pecados

Sucumbir alado aos descasos

Da vida que insiste em não morrer

Sucumbir no tombo do destino

Sucumbir aos trancos esse desatino

Da vida que insiste em naufragar

-Enfiando alma guela abaixo, destilando a cachaça guela abaixo!

E ao abrir os olhos, ficou tudo claridão. Limpidamente claro como o claro dos teus cabelos ralos que não querem se deixar envelhecer.

E o estrupicio, seria pensar que meus sonhos são vagos vagões de trem infestados de fantasmas fantasiados de manipuladores de fantoche.

Zózimo São Paulo
Enviado por Zózimo São Paulo em 14/11/2009
Código do texto: T1922981
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