SE ABRIU INFINITO...
O buraco se abriu infinito
ocupando todo o som do vazio
Todo aquele barulho do nada
que habitava antes escondido
se expandiu para um novo horizonte.
O mar temperado e suas aguas
silvestres, selvagens campestres
perambulando pela superficie turva.
O mar sequer calculou o tamanho da sua
ingratidão pelo sal. Pelo sol, apenas sorria vez ou outra quando a alegria fazia presente.
O buraco se abriu infinito de cores amargas
que escorriam pela garganta chorosa de pavor pelo incolor arco-iris.
A atmosfera que semeava a fome pelo vento, pelo ar desconcentrado que vagava ora aqui ora por lá, comprimida em sua alma vil despediu-se dos gritos que carregava em sua sacola de sonhos. Pobre atmosfera.
A atmosfera que de nada era tão bela, percorria pelo tempo carregada pelo maltrapilho vento inutil que poluia sua beleza com cores amargas e soluços espalhafatosos. Pobre atmosfera.
O buraco abriu-se infinito bem no meio da curta calça de linha preta que vestia desde abril aquele homem que pensava existir nas horas vagas.
Este, abria os olhos para enxergar um amor, cavando com suas proprias unhas um buraco onde pudesse enterrar suas magoas e as cores amargas do incolor arco-iris onde em seu lugar não era possivel existir sequer um unico pote de felicidades, perdia seus dedos.
Este, sorria amareladamente de encontro as nuvens como um louco sorri para sua parede rabiscada de enigmas paranoicos. Ele apenas insistia e perdia seus dedos.
O buraco se abriu infinito, das coisas que sofriam por serem chamadas de "longe", agora eram ocupadas do que ora denominavam-se "distantes".
E tudo permanecia fora do seu devido espaço, do seu tempo e das palavras.
Das palavras, pobres palavras...