O EXPRESSO DA MEIA-NOITE

o último trem

de passageiros,

apita na curva.

tanta gente vem,

tanta lembrança vai.

mente turva,

focada no passado,

no velho rock.

no indigo blue.

vagões irmanados,

pensamentos em conflito.

pontes, prados.

como um grito

baila sobre os trilhos.

trem azul,

descorado,

destemido,

aflito

por chegar

a lugar nenhum.

cheio de seres ocos,

pleno de letargia.

restam poucos

segundos.

para findar a travessia.

é logo ali o fim do mundo.

fim de tudo,

a morte do expresso

da meia-noite!...

[gustavo drummond]