MORAL DA HISTÓRIA

Três pintinhos indigentes

Depois de morte morrida

Foram ao céu pedir guarida

E uns anjos, intransigentes

Disseram-lhes que... não dava!

Que alma de pinto ali não entrava.

Que céu é pra alma de gente.

Os pintinhos argumentaram

Até pelo amor de Deus

Mas os porteiros dos céus

Os pintinhos não deixaram

Entrar. Então, um mais esperto

Pediu-lhes para um excerto

Ver, ao menos... Confabularam

Os tais anjos e permitiram.

“Mas vai ser só um segundinho!

Olha e, depois, pega o caminho!”

Os porteiros advertiram.

Abriram uma brechinha, e os pintos

Adentraram ligeiro o recinto

Tão rápido que nem sentiram

Os anjinhos. Mas só dois!

Um dos pintinhos, coitado

Ficou tão maravilhado

Com a beleza, que se pôs

Ali, pasmaceado, iludido

A boca aberta, esmilinguido...

Fecha-se, um segundo depois

A porta. Do par que adentra

O paraíso e suas primícias

Não se teve mais notícias

Pois dali nada se eventra.

E o que fica dessa história

Guarde-se bem na memória

É que “pinto mole não entra”!

Lucas Carneiro

30abr.2024

9h24