PRA QUÊ?
Dê asas a um pássaro
e não o deixe voar
Dê-me apenas um verso
que eu não possa rimar
Dê-me algo simples incomum
Como um caminho que não vai
a lugar nenhum.
Liberdade, liberdade
Vamos questionar!
É melhor perder a cabeça
do que não pode-la usar.
Pra quê asas se não posso voar?
Pra quê um carro que não sai do lugar?
Pra quê olhos se não se enxerga?
Pra quê pensar se a paixão é cega?
- Pra quê olhar se não posso tocar?
- Às vezes se toca com um olhar!
Pra quê viver num mar de rosas
Se eu prefiro água pra nadar.
Pra quê trabalhar,
se o bom mesmo
é “pernas pro ar?”
Pra quê falar sério
se o bom mesmo
é ironizar?
Pra quê tantas normas
e tanta gente pra burlar?
Porque me dão tanta corda
se não vou me enforcar?
Pra quê tanta interrogação?
Pra quê tanta contradição?
Por que tanta indignação?
Por que tanta conspiração?
Pra quê?
Pra quê?
Pra quê?
A dúvida é a única certeza que me resta.