A HERANÇA
Uma inventariante alienada e zarolha
Uma filha ambiciosa que berra feito cabrita
Uma tia aloprada cheirando morfina
O outro alcoólatra em recuperação
Filhos inseguros na corrida do ouro
Pedindo compaixão para justiça com pé na cova
E o advogado apaixonado pela cabritinha
Pedindo tende compaixão
Não recebo nenhum tostão
O bobo da corte sorrindo
Fazendo presepada
E a viúva analfabeta
Se pousando como madame
Na festa dos contos de reis
Em nova Bragança
Esquina com a Aurora
Perto do sítio São João
Com suas filhinhas: Debi e Loide
Em caras e bocas
Para herança maldita
Da cor de um circo
Valer-se da Nossa Senhora
Por um ponhado de pão.