A HERANÇA

Uma inventariante alienada e zarolha

Uma filha ambiciosa que berra feito cabrita

Uma tia aloprada cheirando morfina

O outro alcoólatra em recuperação

Filhos inseguros na corrida do ouro

Pedindo compaixão para justiça com pé na cova

E o advogado apaixonado pela cabritinha

Pedindo tende compaixão

Não recebo nenhum tostão

O bobo da corte sorrindo

Fazendo presepada

E a viúva analfabeta

Se pousando como madame

Na festa dos contos de reis

Em nova Bragança

Esquina com a Aurora

Perto do sítio São João

Com suas filhinhas: Debi e Loide

Em caras e bocas

Para herança maldita

Da cor de um circo

Valer-se da Nossa Senhora

Por um ponhado de pão.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 03/09/2019
Reeditado em 04/09/2019
Código do texto: T6736713
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