O caipira e os policiais

O moço caipira foi para a cidade

Num banco foi pegar uns trocados

Quando foi abordado por infelicidade

Por uma dúzia de brutos soldados.

Um das autoridades

Foi logo lhe falando:

-O que quer nesse banco

Vai logo desabafando.

O caipira , nobre trabalhador

Já todo receoso e amedrontado

Já derramando um rio de suor

Abriu a boca e foi indagando.

-Não sei nobre autoridade

Que crime eu cometi

Sei que estou sujo na verdade

Mas e um cidadão do bem que está aqui.

Trabalho la na roca seu moço

Pode até me chamar de ignorante

Mas trabalho e produzo um colosso

Tomo banho e uso até desodorante.

A comida que esta na mesa

E alimenta ao Senhor e filhos seus

São frutos também do trabalho com certeza

Desse humilde filho de Deus .

Sei do belo trabalho de vocês

E agradeço a proteção que tenho recebido

Mas antes de ficar parando trabalhador

Deveriam é estar prendendo bandido.

Não tomem isso por provocação

Ou desmerecimento a sua função

Se vocês quiserem comprovar

Levo vocês la no meu sertão.

Diante dessas palavras sábias

Os policiais foram embora

Mas o caipira cheio de lábia

De medo até hoje chora.